top of page

sobre nossa identidade visual

Atualizado: 10 de jun.

para a identidade visual usadas em nossas mídias virtuais, foi contratada a artista gaúcha + estudante de arquitetura Anna Thereza Hanel, que de maneira breve descreve, logo abaixo, o processo de criação das imagens


Anna Thereza Hanel: Criar as imagens para o manguezal foi um processo de experimentação, muito baseado no gesto. Não venho do design, nem tinha experiência com criação de marca, mas me pareceu que o grupo tinha me procurado exatamente por estar aberto a algo que viesse com certo ruído, com um aspecto de algo feito a mão.


Comecei com uma pesquisa de imagens a partir das referências que me foram passadas: mangue, raízes (sem enraizamento), emaranhado, circularidade... e, disso, fui rascunhando ideias e trocando imagens com o grupo. Nesse primeiro momento, trabalhei com grafite, lápis de cor e giz pastel em tons mais terrosos, tentando trazer um pouco de textura para o desenho. Busquei fazer linhas mais soltas, tentando manter algum grau de abstração nas figuras, criar imagens que trouxessem uma ideia de movimento, de conexões sendo feitas (e desfeitas? — raízes sem enraizamento).


Nos desenhos, estudei as formas das raízes do mangue e do corpo dos caranguejos, buscando construir alguma coisa meio híbrida. Fui explorando a curva específica da raiz, a forma como um ramo vai se desdobrando em vários, e vendo, também, a forma das patas dos caranguejos, em especial suas pinças.


ree

Como já era parte do meu trabalho e dialogava com a proposta do manguezal, achei que valia experimentar trazer os desenhos para a argila. Em geral, o meu trabalho em cerâmica é baseado numa interpretação livre da técnica do Nerikomi, em que padrões e desenhos são criados misturando barros em diferentes cores. Nesse caso, escolhi três cores de argila — um quase-branco, terracota e um marrom mais escuro — e a ideia era testar a repetição das mesmas figuras, alternando entre essas cores. O resultado final, a principio, seria uma imagem 2D a ser digitalizada, mas, para chegar a isso, vários testes foram feitos; isso acabou gerando, na verdade, imagens múltiplas, que o grupo poderia usar alternadamente (tem a ver com as referências iniciais — uma coisa que gera várias, um processo que vai se desdobrando, de maneira mais ou menos circular... desenhos 2D que geram uma peça 3D de cerâmica que, por sua vez, geram uma imagem 2D com um desenho...).


Para além disso, o que mais gosto no desenho com o barro é que ele tira um pouco o controle que tenho sobre o processo, são muitas etapas que vão distorcendo a imagem original. Acho que isso contribui para criar uma coisa solta e que tem, ao mesmo tempo, um peso, uma matéria, uma profundidade (no sentido de ser 3D).


De forma mais prática, o que fiz foi abrir algumas placas de 10x10cm com cada uma das argilas. Depois disso, fiz rolinhos com as mesmas argilas e desenhei variações das figuras sobre elas, alternando as cores dos rolinhos e das placas. Então, cobri as placas desenhadas com um pano de prato e passei um rolo de massa sobre elas, fazendo com que as argilas diferentes fossem incorporadas numa peça só.


Logo após passar o rolo de massa. A argila de cima e a da baixo foram amassadas juntas, porém ainda não estão unidas por inteiro.
Logo após passar o rolo de massa. A argila de cima e a da baixo foram amassadas juntas, porém ainda não estão unidas por inteiro.

Daí foi preciso alisar as placas com uma peça de metal, cortá-las novamente no formato inicial, deixar que secassem lentamente, comprimidas entre azulejos grandes para evitar que rachassem ou se deformassem demais no processo.


Depois de alisar, a imagem fica um tanto turva.
Depois de alisar, a imagem fica um tanto turva.

Quanto chegaram num ponto específico da secagem (ponto de couro), raspei cada uma com a mesma peça de metal, para que as linhas ficassem mais definidas.


Azulejo um pouco mais seco, pós-raspagem, com as linhas mais definidas.
Azulejo um pouco mais seco, pós-raspagem, com as linhas mais definidas.

Por fim, foram queimadas em alta temperatura: 1200º. O resultado final foi um painel de azulejos.



:)
:)

O painel foi fotografado e digitalizado por Ledu. A partir disso, enfim, as imagens foram usadas na manufatura deste site pela designer Tatiana Nicácio.

 
 
 

Comentários


assine nossa newsletter

  • Asset 6_3x
  • Asset 3_3x

manguezal - filosofias e poéticas afrodiaspóricas
2025

bottom of page